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terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Chapter XIII - Oneself

    Já era o terceiro dia que eu não via a Júlia, o terceiro dia que a dona Maria não falava nada sobre ela, e também o terceiro dia que seguido que a vizinha me mandava mensagens a cada 30 min. Eu já estava ficando louco com tudo isso.
    Quando a dona Maria chegou eu já fui logo perguntando “Você tem visto a Júlia? Nunca mais a vi na acadermia…”. Como sempre, ela colocou aquela expressão de quem é dona da razão, como quem diz “Eu não te disse?”.
   - Quer dizer que agora o senhor está preocupado com ela? Esperou 3 dias inteiros para ter coragem de me perguntar?
   - Claro que não, não faltou coragem, só não achei sentido de perguntar antes, afinal de contas não estou tomando conta da vida dela, estou curioso apenas como amigo.
          - Por que você não manda uma mensagem para ela? Ou liga direto no celular dela? Ou melhor ainda, por que não vai até o apartamento dela e bate na porta?
    - Eu fiz uma pergunta simples, se não tem nada a dizer, por mim ok - Falei de forma seca, deixando claro que não estava com brincadeiras…
    - Eu não sou um dos seus funcionários da firma Bruno, não adianta dar essa de chefe impaciente esperando que eu me comporte como um funcionário que tem medo de perder o emprego, eu não sou sua mãe também, não precisa esconder as coisas de mim, não vou brigar com você ou te por de castigo!
Essa mulher era fantástica, eu sentia falta de conviver com mais pessoas assim, com coragem de falar o que pensa, sem medo da reação dos outros, e disposta a arcar com as consequências das próprias palavras...
    - Eu sei dona Maria, mas as vezes a senhora realmente se comporta como a minha mãe, fazendo perguntas e segurando respostas apenas para se sentir por cima na situação, e sabe que eu sempre me estresso com isso. 
    - Ok, ok, vamos para com essa discussão besta, você quer saber da Júlia? Pois bem, não sei dela diretamente, mas conversei com a mãe dela ontem no final do dia, ela está mal, digo triste, saiu com um cara e não foi muito bem, o cara queria ir mais rápido do que ela estava disposta, e quando ela deixou claro isso ele não aceitou muito bem, foi embora e ela teve que voltar de taxi para casa.
Eu deveria ter feito algum curso de ocultação de cadaver ao longo da minha vida, tenho um amigo que sempre que alguém dava alguma mancada ele dizia “poxa cara, você é legal e tudo, mas não vai ter jeito, vou ter que te sacrificar…”, e eu sempre dizia que o problema era sumir o corpo, se tivesse um curso que ensinasse isso tudo ficaria mais fácil.
Mas talvez o que mais me incomodasse era a quantidade de encontros e desencontros que acontecia no mundo, mais especificamente na minha vida, pois veja bem, enquanto um cara X qualquer dava em cima dela e forçava uma transa logo no primeiro encontro, eu levava uma desconhecida, antes mesmo do primeiro encontro, para minha cama, ou seja, eu contribuia para o mundo ser assim, reforçando a idéia que era normal isso, até o ponto que um idiota qualquer achasse um absurdo isso não acontecer. Não vejo problema algum em acontecer, mas acho um absurdo alguém constrager ou forçar alguém que não esteja disposto a isso.
   - Mas ela continua indo no trabalho normalmente? O cara não trabalhava com ela?
    - Isso é que é o pior, pois ela disse que os outros ficam falando baixinho pelos cantos, pois certamente o rapaz espalhou alguma coisa sobre o encontro.
    - Qual era o nome dele mesmo? 
    - Não se meta com isso Bruno, deixa o rapaz em paz! - E com um sorriso malicioso no rosto - Mas o nome dele é Davi.
    Eu não tinha muito o que fazer, até porque tudo o que eu fizesse poderia ser caracterizado como crime, mas como vivemos no país da impunidade, as vezes vestimos a mão esquerda de Deus, e garantimos a justiça com as próprias mãos, isso é errado de diversas formas, mas eu não estava pensando nisso agora.
    Fui para o trabalho como qualquer outro dia, mandei cancelar todos créidto das minha agenda, hoje seria um dia atípico.
    Mais uma vez comecei pelas redes sociais, entrei no perfil da Júlia e procurei por Davi, encontrei meia dúzia de resultados, apenas um deles trabalhava no mesmo local, só podia ser ele. Criei uma página falsa na própria rede social sobre uma rádio e mandei mensagem que ele tinha ganho 2 tickets para o cinema, bastava ele clicar no link e fazer o cadastro, mas na verdade quando ele clicasse no link iria direcionar para um site falso que eu já tinha feito no passado, quando fui dar uma palestra sobre segurança digital numa faculdade.
    A página falsa tinha alguns campos básicos, mas a verdade era que quando o site carregava ele também infectava o computador com um cavalo de tróia, que mais tarde permitiria que eu roubasse algumas informações pessoais, inclusive o acesso da rede social.
    Enquanto meu mais novo amigo ainda não acessava a página, eu fui para a parte B do plano, que incluia um editor de imagens potente. No próprio perfil do rapaz eu achei algumas fotos dele com amigos em festas e churrascos, inclusive bêbado em algumas, cenário perfeito para começar minha diversão ilegal.
    Busquei no google por alguns termos: “travesti”, “transexual”, “mulher feia”, e ai o pacote estava completo, só dependia da minha habilidade no editor de imagens. O trabalho final ficou bom, poucos perceberiam as edições, e antes que qualquer um reclame das montagens que eu fiz, eu não estava me importando com isso, nada ofende mais um típico “machão” do que acusa-lo de ter saído com um homem ou mulheres muito feias. Eu entendo que posso ter ofendido outras pessoas no meio da minha vingança pessoal, mas não seria a primeira vez que estava tomando decisões precipitadas e de cabeça quente nos últimos dias.
    Assim que cheguei em casa meu celular apitou, um novo e-mail, era do meu site falso avisando que minha vítima tinha caído na armadilha, a partir de agora eu tinha acesso total ao perfil do Davi. Troquei a foto de perfil dele por uma montagem dele beijando um travesti, adicionei outras fotos semelhantes e também troquei a senha, não gastei mais do que 30 min, e nesse pequeno intervalo diversos comentários começaram a aparecer na página dele, de alguns amigos zuando e outros sem entender a situação, no final das contas só lembrava de uma frase infantil de um filme antigo: “mal-feito feito”.
    Peguei meu tablet e fui para o apartamento da Júlia, quando toquei a campainha ela mesmo atendeu, assustada com minha presença, como era de se esperar.
    - O que você está fazendo aqui Bruno?
    - Tá com fome? Tem um carrinho de lanche pé-sujo na esquina que deve fazer muito mal, mas tem cara de muito gostoso, topa?
    - Para de brincadeira Bruno, o que você está fazendo aqui?
    - Conversei com a dona Maria, ela me contou por alto o que aconteceu com você outra noite, que saiu acompanhada e voltou sozinha, eu não me aguentei e me vinguei do cara, mas só te conto de barriga cheia, topa comer ou não?
Nesse momento ele fez uma cara que eu nunca tinha visto nela, não sabia se ela iria me xingar e pedir que eu parasse de me meter na vida dela, se iria me agradecer ou iria simplesmente chorar.
    - Ok, mas você paga!
    - Sure!
    - O que?
    - Claro!
Enquanto comiámos, pedi que ela me contasse o que aconteceu, e nesse momento usei minhas expressão de credibilidade, do cara correto que oferece um ombro amigo, deixando claro que naquele momento eu era o Bruno que estaria do lado dela para apoiar quando fosse preciso.
A história dela não era muito diferente do que dona Maria tinha contado, ela inclusive deixou algumas lágrimas escorrerem enquanto contava, eu fiquei desconcertado, nunca sei o que fazer quando alguém chora na minha frente, ainda mais a Júlia, que não sabia exatamente o que sentia por ela.
No entanto rapidamente a expressão dela mudou quando contei o que fiz, ela tentou me recriminar, usar o discurso de moralmente correta, que um erro não justifica o outro, que só me faziam querer abraça-la ainda mais, pois apesar de tudo ela ainda estava defendendo seus valores, escolhendo não melhor a decisão, mas sim a mais correta, é difícil encontrar pessoas que pensam assim.
Quando eu mostrei as fotos no tablet e todas repercussão nos comentários, ela não se aguentou, primeiro abriu um sorriso e tentou segurar a risada, mas não conseguia, parecia uma criança, assim como minha sobrinha, que dá gargalhadas de coisas tão simples quanto rasgar um pedaço de papel.
Ela me agradeceu pelo o que eu tinha feito, mas ainda sim me lembrou de que era errado e eu não deveria ter feito, mas logo depois veio a parte difícil, a conversa séria que eu tinha medo de acontecer no momento que a chamei para comer.
Ela começou contando sobre o que a levou a aceitar o pedido de sair com o Davi, de como se sentia insegura com tudo na vida, o medo de sair de casa, de tentar um trabalho mais desafiador, de realmente prestar o vestibular e ter uma profissão que a valorizasse mais, mas como as coisas que aconteceram na sua vida a faziam se sentir tão frágil. Ela comentou que quando foi aprovada na entrevista para o emprego atual pensou que só tinha passado porque era bonita e não porque era competente, que o Davi só dava em cima dela porque achou que ela era uma GBR (eu também não entendi na hora, depois ela me explicou que o termo utilizado pelos rapazes como “gatinha de baixa renda”) que não se valorisasse e transaria no primeiro encontro, também falou que nunca teve apoio dentro de casa e por isso tinha medo de se arriscar mais.
Enquanto ela falava eu tentava montar paralelos com a minha vida, sobre a forma como fui criado, as lições que aprendi com meus pais e todas minhas experiencias de vida. Eu sempre fui muito confiante em mim mesmo, nunca tive medo de encarar o mundo, e nunca tinha parado para pensar exatamente o motivo de me sentir assim, mas enquanto ela falava eu percebia o quanto éramos diferentes e que tudo isso era motivo de simples detalhes nos nossos passados.
As maiores diferenças começaram dentro de casa, eu sempre tive ótimos exemplos, minha irmã é uma das pessoas mais inteligentes que eu conheço, ela é capaz de fazer praticamente qualquer coisa, só não sente vontade de se provar, foi olhando para ela que eu fiz minhas primeiras escolhas independentes na vida, ou não tão independentes assim, afinal de contas tinha ela como exemplo… foi ela que me ensinou fazer minha primeira conta de matemática, que me ofereceu o primeiro livro para ler, que comprou e me deu de presente meu primeiro livro, que quando eu acreditava que nunca iria fazer uma faculdade, pois meus pais não tinha feito, disse que ela faria, e eu também. Ela foi quem segurou minha mão nos meus primeiros passos, mas logo eu quis correr, e ela não quis correr comigo, continuou na sua vida menos complexa e mais feliz, apenas me surpreendendo vez ou outra com uma atitude e dizendo que é a única que realmente me entende. No fundo ela realmente é única pessoa que me entende, talvez só não saiba que o motivo disso é porque eu copiei dela diversas partes minha, que ela reconhece sem saber o por quê.
A Júlia era diferente, tinha uma irmã mais velha que não dava atenção para ela, que saiu cedo de casa para casar com o namorado de infância, o que não é muito diferente da minha irmã, mas a diferença é que a irmã dela não deixou exemplos tão bons, não ensinou tantas coisas quanto foram ensinadas para mim.
O pai da Júlia sempre foi ausente, saia cedo de casa para trabalhar e chegava tarde, sentando na frente da televisão e assisitindo toda programação até a hora de dormir, poucas palavras e poucos ensinamentos, nenhum exemplo claro a ser seguido.
Em materia de pai, seu eu acreditasse em sorte, diria que tirei sorte grande… Meu pai é exepcional, meu maior exemplo, o alicerce de toda uma vida. O mais interessante é que não lembro de nenhum momento em que ele tenha sentado do meu lado para me explicar algo, sempre foi de poucas palavras, mas sempre teve uma conduta impecável, sempre foi um ótimo exemplo, tão bom que me motiva a seguí-lo. Sempre acreditou em mim, sempre me motivou, nunca desconfiou quando outros teriam, o cara que me trás um orgulho absurdo de carregar o sobrenome dele.
Eu me lembro uma vez nas férias, eu estava jogando sinuca de duplas com alguns primos e tios e ele apenas observando, até que cheguei numa situação em que era minha vez de jogar, eu precisava encaçapar três bolas, a dupla adversária estava por apenas uma bola que já estava na eminência de cair em uma das caçapas. Eu sabia que para ganhar eu precisava acabar com o jogo ali, mas estava em uma posição difícil de matar minhas três bolas, por praxe perguntei que jogaria depois, para saber o quão boa deveria ser minha defesa para a situação em que eu não conseguisse matar todas bolas, naquele momento meu pai falou: “Você é o próximo, afinal de contas você vai encaçapar a bola na próxima tacada”. Alguma pessoas podem considerar prepotente a frase do meu pai, podem considerar que ele colocou pressão mim, eu vejo de uma forma totalmente diferente, ele confiou em mim, no momento em que eu começava a desconfirar se eu seria capaz de concluir minha jogada, ele disse que eu era capaz, e eu fui totalmente confiante, ganhei o jogo. Nas vezes que ele me apoiou e eu perdi, ele me apoiava da mesma forma, nas vezes que eu ficava bravo em perder, ele demonstrava que todo muito perde, e não há problema algum nisso.
Nossas mães poderiam parecer mais semelhantes, mas eram ainda mais diferentes. Ambas passaram grade parte da vida tomando conta da casa e dos filhos, só trabalharam em momentos em que realmente foi necessário, tinham estudado pouco e tinha pouca cultura, mas as semelhanças paravam por ai.
Minha mãe é uma das pessoas mais extraordinárias que conheci na minha vida, é uma pena que talvez ela não saiba disso, tenho quase certeza que ela acha que eu não gosto muito dela, pois sempre estamos discutindo e nos exaltando, mas isso é porque somos muito parecidos, e nenhum dos dois consegue ficar calado diante uma dicussão.
Se eu falei que meu pai era todo incentivo, todo apoio, minha mãe sempre foi toda força, ela me ensinou que nem sempre eu vou ter o conhecimento, o talento, a técnica, mas isso não me faz menor ou pior que os outros, que meu nariz não deve ficar apontado para baixo, nem para cima, mas para frente. Diversas vezes eu falhei na minha vida, em quase todas elas eu pensei em desistir, em aceitar a derrota, se nunca fiz isso, foi porque a energia da minha mãe habita em mim.
Eu nunca tinha parado para pensar no caminho que eu tinha percorrido, pois sempre considerei que tudo que tive na minha vida era comum a todos, mas não era, as diversas diferenças na trajetória de cada pessoas as tornam completamente diferentes. Eu jamais seria quem eu sou hoje se eu não tivesse acreditado que eu era capaz de fazer o que eu quisesse, conforme meu pai confiava em mim, se não tivesse a força de levantar a cabeça fora dágua nos momentos que eu tinha certeza que eu não tinha mais chances, conforme minha mãe me ensinou, e se eu não tivesse dados meus primeiros passos com uma guia tão boa quanto minha irmã, que é o que me leva crer que ela será uma ótima mãe, como já tem sido.
Mas a Júlia viveu primaveras diferentes da minha, ela não confiava nela mesma, ela não tinha forças para levantar a cabeça após um fracasso, e nunca teve bons exemplos para dar os primeiros passos. Mas ainda assim ela era diferente, ela tinha valores, e me encantava, naquele momento de fraqueza, minha vontade de abraça-la era cada vez maior, mas eu sabia que muita coisa acontecia no momento, ela estava fragilizada, e eu tinha dormido com outra mulher poucos dias atrás, se ela descobrisse isso, ficaria ainda mais fragilizada.
Eu não sabia a quanto tempo ela estava falando, não sei se perdi algumas palavras enquanto caminhava pelos meus pensamentos, mas eu prestei muita atenção nas palavras finais…
    - ...por isso que eu sei que você nunca vai gostar de mim, porque eu sou fraca, e você é forte, e você deve achar que eu sou uma criança, que não consegue fazer nada direito sozinha…
    - Júlia. Eu sempre gostei e você, eu odeio dar aulas, eu odeio fazer academia, mas eu tenho a impressão de que até tomar chuva com você deve ser legal. Se eu nunca demonstrei isso de forma mais clara, foi porque tinha medo de você achar que eu estava te manipulando, me aproveitando da sua simplicidade.
Eu estava naqueles momentos da vida que o ar para, eu podia escutar o tema do filme “The good, the bad and the ugly” tocando, só faltava aquele feno passar rolando no final da rua. E de todas reações, ela teve a que eu menos esperava, ela abaixou a cabeça sobre os braços cruzados e começou a chorar, eu não sabia o que fazer, por não saber, sem perceber fiz o mesmo, chorei… Ok, não chorei igual ela, mas algumas lágrimas escorreram dos meus olhos.
Quando ela levantou a cabeça e me olhou, estava com um sorriso espetacular, eu levantei e parei do lado dela, de braços abertos, ela entendeu, levantou e me abraçou. Eu já falei que apesar de todos meu toques e regras, eu adoro sentir pessoas? E foi isso o que eu fiz com a Júlia, ela me abraçou forte, e eu pude passar a mão pelas costas dela, sentir o cheiro do cabelo, sentir a curvatura na cintura, a pressão que ela mesma fazia com o próprio corpo pela força que estava fazendo no abraço.
Não nos beijamos, por mais que eu sentisse vontade... mas queria fazer as coisas com calma, depois de tanto tempo, não precisava de pressa, precisava apenas de calma. Voltamos como dois estranho, lado a lado, sem falar nada, subi até o primeiro andar de escada junto com ela, na porta do elevador eu disse que queria que ela dormisse tranquila, que amanhã eu a buscaria na hora do almoço para conversar melhor, que estava ignorando cada impulso do meu corpo para apenas dizer boa noite e voltar para meu apartamento, mas não queria que ela fizesse nada no calor da emoção.
Ela sorriu, me deu um beijo no rosto e falou no meu ouvido: “Seu convencido, em momento alguem eu disse que também gostava de você, foi você que disse que gostava de mim, mas fica tranquilo, eu gosto muito de você também…”
Quando ela começou a frase meu corpo gelou, mas no final eu gostava ainda mais dela, pois ela conseguia mexer comigo, me sentir inseguro em situações que eu não tinha costume de hesitar.
Naquela noite eu dormi tranquilo, como não fazia desde muito tempo, mais uma noite sem sonhos.

2 comentários:

LARISSA LIRA TOLLSTADIUS disse...

Cadê o resto da história?

Unknown disse...

davi davi davi. os anos se passaram e ainda é davi. não deverias ter abandonado isto.

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